Resenhas

Núcleo de Prática Jurídica


Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado.
Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva – Psiquiatra





Os campos da psique humana são incertos, e ainda não existe uma ciência que a delimite.
Entre nós habita a maldade, revestida de boas intenções. Resumidamente é assim que começa a narrativa deste formidável livro, com a seguinte parábola:


Um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio e lhe fez um pedido:  - Amigo sapo, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo? O sapo respondeu: - Só se eu fosse louco! Você vai me picar e eu vou ficar paralisado e afundar. Disse o escorpião: - Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos e nos afogaríamos. Confiando na lógica do que disse o escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, nadando para atravessar o rio. Quando chegaram no meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: - Por que você fez isto? Agora nós dois vamos morrer! E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e esta é a minha natureza."

A sociedade e suas transformações são objetos de observação do operador do direito, sendo este criador, executor e garantidor das normas que norteiam a conduta humana em sociedade. E é justamente sobre a conduta humana, que devemos nos atentar.
Quando as normas que garantem o bom convívio social não empregam o temor necessário para que a ordem continue estabelecida, e para que o agente deixe de executar toda crueldade, ódio descontrolado, raiva, entre outros sentimentos formados pela sua doente psique, temos ai uma preocupação social, pois ali habita na forma mais nebulosa um crime e um potencial delinquente.
Os fatores que levam essas pessoas a um comportamento atípico social, são os mais diversos, desde disfunções genéticas até mesmo influência do meio social no processo de formação de carácter- que dá-se até os 9 anos de idade, conforme orienta o livro-.
Acreditava-se até algumas décadas atrás, que a sociedade era responsável por criar o indivíduo amoral e inescrupuloso, porém, desde 2003 médicos, psicólogos e psiquiatras confirmaram o cerne da maldade humana, e hoje sabemos, que tais indivíduos de extrema frieza e maldade têm seu funcionamento cerebral diferenciado – como explica em detalhes e imagens o livro -.
Não podemos, nem devemos rotular o psicopata enquadrando-o em um estereótipo; engana-se quem acha que os psicopatas distinguem-se de pessoas normais por terem CARAS E TREJEITOS ESTRANHOS, pelo contrário MUITOS SÃO NORMAIS E USAM ATÉ MESMO TERNO E GRAVATA, e definem o rumo de EMPRESAS E PAISES.
Como já dito, a maldade nos cerca a cada dia, os noticiários cada vez mais anunciam crimes hediondos, fatos com níveis de crueldade inimagináveis, pais sendo mortos por filhos, namorados que sequestram e matam namoradas, casos de pedofilia, corrupção, mal tratos de crianças e idosos, crimes que se repetem e mostram que alguma coisa está errada.
“Se isso ocorre é porque nossa sociedade está fundamentada em valores e práticas que, no mínimo, favorecem a maneira psicopática de ser e viver”.
Uma postura nova deve ser tomada. Mas para isso, deve-se atentar e responder a seguinte indagação.
“O objetivo maior da ideologia moderna era preservar a liberdade individual. No entanto, essa ênfase sobre a liberdade criou a grande contradição de nossos tempos: como estabelecer valores morais e éticos num mundo que prioriza as escolhas individuais?”.
Boa Leitura!

Dados da Autora:
Ana Beatriz Barbosa Silva, nascida em 30 de março de 1966 na cidade do Rio de Janeiro, médica, com especialização em psiquiatria, volta seu trabalho ao estudo de mentes perturbadas. É autora de 8 livros, que tratam destes assuntos, como p. ex. Mentes Inquietas – Tdah: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade, Bullyng, Mentes perigosas na escola e Mentes e Manias – TOC transtorno Obsessivo Compulsivo. 

Referências:
Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado – Silva, Ana Beatriz Barbosa, Ed. , edição 2012;
http://www.youtube.com/watch?v=gbGJkhULlOg



O Advogado do Diabo (Devil’s Advocate) 1997


Ao som de um dos maiores sucessos dos The Rolling Stones, O Advogado do Di-abo, Devil’s Advocate, 1997 é um filme recheado de questões religiosas, humanas e materiais, onde a loucura e a cobiça se confundem e se unem em um único pilar. Se realmente Kevin Lomax (Keanu Reeves) encontra-se em uma cidade cercada por peca-dos, sendo John Milton (Al Pacino), seu misterioso patrão, o responsável por todos eles, nada mais é a realidade da vida em que o pecado muitas vezes bate à sua porta e você escolhe se o deixa ou não entrar, apesar de sua insistência e propostas fáceis demais.


O filme conta a história de Kevin Lomax, um advogado de uma pequena cidade na Flórida que nunca perdera um caso. Quando é levado a defender um professor de matemática acusado de estupro por uma aluna, faz uma manobra inteligente e consegue culpar a própria aluna como motivadora do crime. Dado essa vitória, um misterioso homem aparece para conversar com Kevin sobre sua vitória e expõe uma proposta de um trabalho em uma grande empresa de advocacia, situada em New York. Sua mãe, Alex Lomax (Judite Ivey) - uma fanática religiosa, não concorda com a ida do filho à New York, por considerar a cidade um antro do pecado, semelhante à Babilônia.

Por outro lado, sua esposa, a bela Mary Ann (Charlize Theron) confunde-se em querer ir a New York e o desejo de ficar na cidadezinha natal. Mary Ann possui também inveja de suas irmãs por terem filhos e ela não ter conseguido dar à luz a nenhum.

Ao chegarem à New York, Kevin depara-se com uma cidade imponentemente grande com altos edifícios e poucas pessoas a quem confiar. É recepcionado por Milton, um homem misterioso e talentoso para encontrar respostas às mais difíceis perguntas. Milton, que se revela ótimo com negócios, esconde sua estranha face por trás de sua empresa de advocacia. Kevin entra em um caso de um homem, cujo culto a divindades negativas foi condenado a diversos crimes e usa sangue humano como “dinheiro espiritual” e ao escolher os jurados, mostra talento em perceber a verdadeira face das pessoas com objetos que usam.

Durante uma conversa com Milton, no alto de seu prédio onde se situa a grande corporação cuja propriedade é do próprio, Kevin olha seus sapatos e nota algo diferente em seus sentimentos, algo como desconfiança, porém a sensação de poder subir em sua carreira. Milton começa a oferecer a Kevin os melhores tipos de regalias como festas cheias de bebidas e prostitutas. E Mary Ann gradualmente, vai ficando mais sozinha. Em um caro apartamento em New York, Kevin e Mary Ann começam a ter discussões, que culminam em uma festa dada por Milton. Na festa, Kevin possui olhos para uma mulher ruiva que desfila elegantemente pelo salão, então começam a conversar e são interrompidos por Milton que pede para Kevin subir a seu escritório. Milton já havia conversado com Mary Ann e recomendou-lhe cortar o cabelo para voltar a ser “origi-nal” em suas palavras, enquanto esta procurava Kevin pela festa. Milton anuncia a seus advogados, incluindo Ed Barzoon (Jeffrey Jones) que um poderoso homem, proprietário de uma construtora, cometera triplo homicídio de sua mulher, sua filha e uma emprega-da. Milton nomeia Kevin como responsável pelo caso graças à sua vitória no caso ante-rior.

Alexander Cullen (Craig T. Nelson) é o homem do caso de Kevin. Kevin está convencido de que é culpado, mas pretende inocentá-lo com uma alegação de que Cul-len possuía um caso com Melissa Black (Laura Harrington), sua secretária. Muito atento ao caso Kevin esquece sua mulher, que passa a ter visões demoníacas e de Milton a es-tuprando, mediante os alertas de sua mãe sobre os problemas de New York. Kevin nega ver a verdade sobre Milton, até sua mãe dizer a verdade, Milton era seu pai.

Após inocentar Cullen de todas as acusações, Kevin vê Mary Ann se suicidar com um caco de vidro de um espelho e sua mãe contar-lhe a verdade. Kevin vai ter com Mil-ton e descobre que ele é o próprio Satanás. Milton revela ter também uma filha, Chris-tabella (Connie Nielsen), a ruiva que Kevin viu na festa de Milton. Milton possui planos para eles, a criação do próprio Anti-Cristo. Porém, no ápice da relação que originaria o antagonista de Jesus Cristo, Kevin decide se suicidar, enquanto Milton grita de raiva e Christabella vira apenas um corpo pálido e putrefato no solo.

Tudo, na verdade, se passou apenas como sonho enquanto Kevin pensava na defe-sa do professor de matemática no começo do filme. Convencido de sua culpa, Kevin abandona o réu no meio do julgamento e possui a Carteira de Advocacia cassada, en-quanto sai do tribunal com Mary Ann, Kevin conversa com Larry, um repórter, que a-pós Kevin sair, mostra-se ser o próprio John Milton dizendo sua mais preferida frase:

“Vaidade, de todos os pecados é o que eu mais gosto.”

A apelação sexual, contida em toda a trama, é um dos fatores que fazem o filme ficar impróprio para adolescentes, um público que com certeza assistiria ao filme devido a seu título, estranharem. O pudor retido no filme, quase que se acaba, na ânsia de de-monstrar New York como à cidade do pecado, mulheres nuas são mostradas, a todo momento e insinuações sexuais também diminuem o nível do filme, diferentemente da maioria dos filmes, o ato sexual de Kevin com Mary Ann é mostrado quase que comple-to, só termina quando Mary Ann resolve interromper por considerar Kevin como distan-te, o que torna do filme preferencial a adultos e não a um público eclético (não necessa-riamente crianças ou pré-adolescentes) o que talvez fosse motivo de sua baixa recepção nos EUA.

New York, como a cidade do pecado foi uma ótima escolha, porém não tão bem aproveitada pelos produtores. De New York só se vê bordeis, apesar de sexo sem escrú-pulos ser considerado um pecado pela Igreja Católica, ele reina praticamente como o único pecado capital explorado, abrangendo a luxúria e a vaidade, dessa vez praticada apenas por Kevin Lomax.

A trama é impressionantemente boa, porém peca em suas representações. Se na década de 1980 e 1990, mostrar mulheres nuas nas telas de cinema era algo bastante comum, hoje não tanto; graças a apelos conservacionistas e sociedades politicamente corretas. O casal Kevin e Christabella não convence tanto como Kevin e Mary Ann, além disso, Christabella, apesar de todos os esforços, não ficou convincente como a filha do demônio.

A obra é recomendada pela trama, muito bem elaborada com uma história cheia de dúvidas, mistérios, surpresas e revelações, porém peca muito em suas representações, das cenas, ou seja, o potencial do filme poderia ser mais bem aproveitado, transforman-do-se em um filme recomendado a uma família com os filhos já adolescentes e madu-ros, porém, graças à falta de pudor, torna-se indicado apenas para adultos. Os cenários nova-iorquinos, tão belos, poderiam ser mais bem aproveitados para representar um filme em que o pecado capital está tão presente.

Aluno: Odair Luiz - 6º Período





O Julgamento de Nuremberg (Nuremberg, Infamy on Trial), 2000




Após o fim da Segunda Guerra Mundial e o fim da Alemanha Nazista, o que fazer com os prisioneiros de guerra participantes das atrocidades do conflito era a grande pre-ocupação dos países vencedores. Figuras como Hermann Göring (comandante da Luft-waffe , e presidente do Reichstag ), Albert Speer (Ministro dos Armamentos), Joachim Von Ribbentropp (Ministro das Relações Exteriores) entre outros líderes nazistas. As soluções eram duas, ou o extermínio dos criminosos ou um julgamento justo, em que decidiria a punição desses líderes de acordo com as provas, testemunhas e depoimento dos próprios. Foi escolhida a segunda opção.



É nesse contexto histórico em que se baseia o filme O Julgamento de Nuremberg (Nuremberg, Infamy on Trial, 2000). O filme mostra os detalhes que originaram o julgamento, desde o fim da guerra, o planejamento e as contradições entre os próprios organizadores e o julgamento além de seu resultado.



O filme começa com a chegada de Göring em um acampamento da aviação alemã tomado agora pelos americanos. Algumas semanas depois, a Alemanha Nazista se rende e Göring, sendo o sucessor de Hitler é considerado pelos Aliados uma ameaça. Uma reunião é promovida pelos Aliados para decidir o destino dos prisioneiros de guerra retidos por eles. A decisão baseia-se em um julgamento de vinte e quatro líderes nazistas presos, como o líder em cada área e os russos decidirão o que farão com os seus. Antes disso, o promotor associado à Suprema Corte dos Estados Unidos, Robert H. Jackson é nomeado pelo então presidente Harry S. Truman para presidir a promotoria contra crimes de guerra em Nuremberg. Após a decisão da reunião dos representantes dos países Aliados, são expedidas para os criminosos de guerra, inclusive Göring que estava gozando da boa hospitalidade dos americanos, mandatos de prisão por Crimes Contra Humanidade, Paz, crimes de guerra, racismo, genocídio, entre outros foram expedidos. Todos os réus são enviados para a prisão alemã de Bad Mondorf.



A primeira parte do filme mostra o desenrolar para o julgamento. Jackson chega a Nuremberg e encontra a cidade e seu tribunal arrasados pela guerra, então logo ordena uma reforma. A prisão de Bad Mondorf encontra-se palco de um drama e uma batalha entre Albert Speer e Herman Göring, pois enquanto Speer busca o reconhecimento de seus crimes, Göring defende a seita Nazi e procura sair do tribunal com honra. A prisão transforma-se num ninho propenso para suicidas, pois Robert Ley, o chefe da Frente Alemã de Trabalho (diga-se escravo realizado pelos judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais e negros) se suicidou na prisão ao ouvir as denúncias contra ele.



Para evitar que mais suicídios aconteçam antes do tão esperado julgamento, várias medidas são tomadas pela direção da cadeia, como colocar, durante vinte e quatro horas um homem na frente da cela de cada um dos prisioneiros e vigiá-los ante qualquer tenta-tiva de suicídio e uma terapia psicológica feita por Gustave Gilbert, o psicólogo do lo-cal, que logo revela, em uma sessão com Göring, ser judeu.



Após esses eventos, o julgamento começa e é a parte mais demorada do filme. Ne-le, o conflito Göring – Jackson é encenado com mais destaque, mas inicialmente a pro-motoria mostra documentos que incidem contra os nazistas. Estratégia que logo se mu-da, por ser, segundo Göring, “entediante”, Jackson começa apresentar testemunhas e um filme no tribunal, para apenas em seguida começar os depoimentos dos réus. O veredic-to sai após algumas semanas de trabalho árduo e julgamento intenso.



A doze dos detentos são condenados ao enforcamento, três a prisão perpétua, dois a vinte anos, um a dez anos e outro a quinze e três são absolvidos. Göring, que fora condenado ao enforcamento (apesar deste suplicar que queria morrer como um militar, fuzilado) suicidou-se na prisão, o que, como tudo indica no filme, por um veneno dado pelo soldado que patrulhava sua cela, cujo apelido era Tex. O filme termina com as exe-cuções dos líderes nazistas.



O filme é realmente muito bom em termos históricos, corresponde fielmente aos fatos pós-Segunda Guerra Mundial além dos acontecimentos no julgamento e fora dele. Porém, um fato que pode incomodar a maioria dos apressados é que o filme possui 180 minutos de duração, exatamente três horas, o que pode cansar desinteressados por polí-ticas e filmes estritamente baseados em julgamentos e/ou fatos históricos ocorridos. E quando se assiste ao filme, há uma sensação de tempo não aproveitado. Após o depoi-mento de Göring – que é o mais longo dos acusados, logo parte para depoimentos de poucas frases dos outros vinte e um acusados e logo ao veredito. Quem resolveu assistir o filme somente pelo julgamento, decepciona-se um pouco. O filme possui mais ênfase no drama, no fato dos prisioneiros de guerra estarem ali, sabendo que morrerão do jeito mais sujo que conhecem: enforcados.



Há o destaque nas relações familiares que compensa os cortes no julgamento, as conversas de Göring com sua esposa e filha, que mostra a esperança inútil nos olhos da filha enquanto a mulher sabe que talvez seja seu último momento junto com seu marido. Porém, Göring é mostrado como um ser manipulador fora do convívio familiar, se une com os outros condenados contra Speer e faz amizade com seu vigilante, o soldado de mente fraca Tex, que se leva ao pensamento de Göring e praticamente se une ao líder nazista, dando a entender que foi ele que passou o veneno para Göring realizar sua von-tade.



Vale a pena de assistir três horas de filme. Primeiramente o filme é realmente muito fiel aos fatos históricos, então poucas vezes vai se achar algo errado e o que se achar é algo mínimo que não terá nenhuma diferença aterradora. Para quem resolver assistir ao filme por interesse restrito no julgamento apenas, terá uma decepção por este não ser levado tanto em ênfase como deveria, porém o consolo para os produtores é que para se narrar uma trama tão complexa como o Julgamento de Nuremberg necessitaria de muito mais de três horas para narrá-la com precisão e enfatizando o drama recorrente nela. Já a dramaticidade do filme merece congratulações, pois o filme destaca muito essa parte, as relações familiares dos detentos, dos militares, juízes e promotores entre e si e o relacionamento de Jackson e sua ajudante.

Aluno: Odair Luiz - 6º Período

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